domingo, 5 de setembro de 2010

Programas de Humor - são mesmo engraçados?



Assisti a dois programas nesta semana, “A Grande Família” e “Casseta e Planeta”, ambos exibidos na Rede Globo.
A Grande família é um programa bem familiar mesmo, e o público é também a família: é um programa fácil de assistir, para a família mesmo.  Aquele que você assiste, dá risada mais com o desempenho do ator do que com a história, e que você senta para assistir e não se preocupa com as crianças ficarem circulando, assistindo ou brincando por perto. Nenhuma grande surpresa pode acontecer a qualquer momento que te deixaria incomodado, ou envergonhado, ou constrangido. A temática são problemas relacionados ao dia-a-dia da família complicada,com a qual muitos de nós na vida real nos identificamos de alguma maneira, seja por um dos filhos que não trabalha, é um marmanjo que assiste TV o dia todo, ou por um cunhado que é enrolador, por um vizinho problemático, por questões simples de relacionamento entre o casal, e é claro que isso capta a atenção e segura o telespectador na poltrona. Chego a pensar que tem menos linguagem dúbia do que em alguns programas de humor focados em público infantil(programa do Didi, assisti só um pedacinho hoje).
No caso de Casseta e Planeta o público em foco é o adulto. A piada neste momento tem conotação política, e é possível enxergar mais situações como as propostas no questionário que utilizamos para guiar nosso interesse assistindo ao programa. Quanto a “valores”, no caso da Grande Familia, há valores familiares embutidos, como a questão da proteção da mãe com os filhos, o pai é definitivamente o arrimo da família financeiramente, a mãe faz alguns serviços para ajudar, a vizinha quer não aparece mais, antes era “cabeleireira”, o que trás a mulher como sempre tendo trabalhos que tem a ver com estética, ou que a deixem próxima ao lar, como a própria filha, que é manicure. Subentende-se que as pessoas são católicas.
No Casseta, valores quase não enxerguei. Muitas caricaturas - todas elas - pejorativas. A não ser caracterizar os políticos, e a política em si como enganadora e composta por um bando de gente que só pensa em ficar rico à custa do povo. A diversidade também é mostrada de maneira jocosa, e o mundo é feito de caricaturas.  A mulher é retratada como ou cheia de qualidades físicas, ou exatamente o contrário, sendo que as bonitas são burras ou ignorantes, as feias ricas são inteligentes e as feias pobres (porque não há bonitas pobres) são feias e burras, ignorantes, mal arrumadas e sofridas. Os mendigos são bêbedos, e de maneira geral pessoas indignas. Faz-se sátira de absolutamente tudo que está acontecendo no mundo, como a questão dos mineiros, que tão séria, transforma-se em piada num trocadilho.
       A influência que enxergo sobre nós, tem a ver com levar tudo na brincadeira, o programa “dá corda” para tudo isso, neste caso os dois programas. Nada parece sério, e para tudo se dá um jeito, e isso fica sendo martelado em nossas cabeças, e assim vive o brasileiro.
            Se eu fosse roteirista, faria a Grande Família como é, mas faria as mulheres melhores do que são ali, pois isso tem acontecido hoje em dia, e tiraria Casseta e Planeta do ar - programa de mal gosto sem pé nem cabeça.

Agostinho - Fonte: www.globo.com/agrandefamilia


A Grande Familia Fonte: www.globo.com/agrandefamilia

Casseta e Planeta: "Mineiros" presos na mina - alusão ao acidente no Chile fonte: www.globo.com/casseta
Mendigo do Casseta e Planeta fonte:www.globo.com/casseta




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